Truques do SPFW direto para o seu guarda-roupa

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E acaba a primeira noite do SPFW. Com a temática “Mãos que valem ouro”, a 41a edição da semana de moda de São Paulo celebra a capacidade humana de criar e se reinventar. Já na entrada, trabalhos artesanais, como a renda filé do nordeste, lembram o valor do feitio manual.

O primeiro desfile da temporada, da Lilly Sarti apresentou peças delicadas, em tecidos leves e tonalidades suaves, que pareciam vindas da natureza. Uma obra do pernambucano Gilvan Samico foi a inspiração inicial da designer, que prestou uma homenagem à fauna, à flora e às mitologias do sertão. Um truque legal de styling foi contrapor estas peças etéreas a sandálias pesadas (e lindas!), assim dá pra quebrar a doçura dos looks.

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Mesmo truque da Uma, que colocou até tênis preto de cano alto e Birkenstocks lado a lado com leves tecidos acetinados, revelando o lado mais conceitual de Raquel Davidowitz, que apresentou uma linha bem prática e usável. Urbana e descolada, a coleção trouxe também criações masculinas para a passarela. Mas o ponto alto, na minha opinião, foi a sequência de looks em azul índigo, em diferentes tecidos. Outra ideia bacana é apostar em colares bem compridos (como as "serpentes” estilizadas da Lilly Sarti) para alongar a silhueta.

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O feito à mão, aliás, também deu o tom do desfile da estreante Amabilis (nas fotos que abrem este post). A marca capixaba foi eleita para representar o projeto Top Five, do Sebrae e da ONG In-Mod, que apoia talentos da moda. O desfile foi supereclético. Em comum, todas as modelos carregavam dezenas de pulseiras prateadas nos dois pulsos. Criou um efeito quase futurista e cheio de personalidade. Os vestidos de seda prometem ser os mais belos da estação, com um perfume “Alessandro Michele (na Gucci) meets Valentino”. Resumindo: amei!

A Apartamento 03 apostou na tendência boudoir, de que já falei aqui no blog e trouxe formas fluidas, tecidos acetinados e até referências ao superchic pijama palazzo de YSL. O ponto de partida para a criação da coleção foi um mágico dos anos 40.

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E o Ronaldo Fraga, um dos meus preferidos, como já contei aqui também, explorou o tema “Re-Existência”, inspirado em uma viagem que fez a Moçambique e também na triste realidade dos refugiados africanos que, muitas vezes, morrem nos mares sem chegar ao seu destino. As referências à cultura africana começaram com o sensível vídeo de um barquinho de papel que afunda na água, seguem pela performance inicial, onde se lia na camiseta dos modelos a palavra “Refugee”, pelo casting (de maioria afrodescendente) e pela beleza – que privilegiou tranças esculturais. Na moda, as cores fortes e, claro, o belíssimo trabalho artesanal que sempre caracteriza suas coleções completam a imagem impactante com flores tridimensionais, cortes amplos e maxibijoux, encerrando este primeiro dia de SPFW.

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